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Vapor Plata (1906-1931)

O texto a seguir foi traduzido, por Franco Malgarizi Chies, do livro “La Société Génerale des Transports Maritimes à Vapeur”, de Alain Croce (Éditions M.D.V., 2003). As informações entre colchetes são acréscimos do tradutor.


O Plata, em frente à Marselha [França].

NOME


Estuário dos rios Paraná e Uruguai e cidade neste estuário.



DESCRIÇÃO


Uma escuna de toldo de aço com duas hélices, três conveses, dois mastros, uma chaminé e sete compartimentos. Duas máquinas alternativas com expansão total e 6 caldeiras cilíndricas tubulares com contra-explosão estampadas em 12,62 kg/cm³, construídas por London and Glasgow Engineering and Iron Shipbuilding Co., com 5600 cavalos de potência e uma velocidade média de 16,2 nós [30 km/h].



MEDIDAS


- 4534 toneladas, 132,50 metros de comprimento e 15,31 de largura;

- Passageiros: 52 de 1ª Classe, 76 de 2ª e 1500 de 3ª.



HISTÓRICO


22.02.1906 - Encomenda à London and Glasgow Engineering and Iron Shipbuilding Co. em Glasgow, [Escócia, Reino Unido];


10.07.1907 - Lançamento ao mar;


10.09.1907 - Entrega do navio (comandante Belard), com Certificado Provisório de Franqueamento;


26.09.1907 - Chegada à Marselha [França];


07.10.1907 - Pedido de franqueamento nº 6796. Concedida a Patente nº 40439 com efeitos retroativos a partir de 10.09;


31.10.1907 - Partida para a América do Sul;


03.1909 - O Plata permanece na bacia do porto de Gênova [Itália]. Não havia nenhum formulário disponível em Marselha [França].


04.1909 - Recebe o comando da estação de rádio TSF.


18.01.1911 - O Plata é transferido para uma doca seca em Buenos Aires [Argentina], por danos nas máquinas;


19.02.1912 - Na véspera, às 22h, parte para Buenos Aires [Argentina]. Às 0h03, atinge, à bombordo, um pilão de iluminação no grande ancoradouro, cuja luz havia sido apagada. Não houve nenhum dano [Comandante Hermieu];


01.08.1914 - Demandado em Dakar [Senegal], para o final da viagem;


12.03.1914 - Entre 04h10 e 17h10, danos na manivela BP de estibordo obrigaram a parada desta máquina para reparos [Comandante Talon];


21.04.1915 - Ao zarpar de Santos [Brasil], atinge o norueguês Tysla, ancorado, e causa-lhe pequenos danos;


25.09.1915 - Às 14h20, ocorre um choque no motor de boreste. O navio é parado para vistoria interior e depois exterior, mas nada aparente é localizado. O engenheiro-chefe percebe uma diferença no desempenho e atribui o choque a um pedaço de madeira submerso [Comandante Talon];


18.10.1915 - Demanda: o capitão Talon é mobilizado como tenente auxiliar;


10.12.1915 - O engenheiro-chefe avisa que o estibordo está inutilizável. Às 16h, parte do Mar Egeu [Entre a Grécia e a Turquia] com a ajuda de um rebocador, em direção à Marselha [França], onde chega no dia 15 [Comandante Talon];


14.01.1916 - Durante a travessia de Marselha [França] à Tessalônica [Grécia] abre fogo contra um submarino, a 3 milhas [aproximadamente 5,56 km] de Bello Palo [Itália?] e o obriga a submergir após um golpe de 47mm, um golpe curto de 75mm e outro, carregado de estilhaços, no alvo [Comandante Talon];


28.01.1916 - O Almirante Lefebvre, Comandante da Marinha em Marselha [França], recebe o Comandante Talon para parabenizá-lo por ter afundado um U.boot [Unterseeboot, submarino do Império Alemão]: “Le CLC Talon, comandando o vapor fretado Plata, mostrou iniciativa e energia ao tentar, em 14 de Janeiro de 1916, afundar à tiros de canhão um submarino que emergia para atacá-lo. Parece, aliás, segundo os depoimentos, que este submarino foi afundado”.


19.03.1916 - Chega de Moudros [Grécia] com rotura do regulador da linha de bombordo e com o motor avariado [Comandante Talon];


20.03.1916 - Às 18h30, deixa Marselha [França] em um comboio com o vapor Dumbea. Os dois navios se perdem de vista durante a noite e não se encontram novamente até o dia 25, às 03h, um dia antes da chegada em Tessalônica [Grécia] [Comandante Talon];


19.04.1916 - Participa da transferência do Exército Sérvio de Corfu [Grécia] para Tessalônica [Grécia]. Assegura, de 28.04 à 29.05, cinco rotações com 11.599 homens transportados, recebendo a Medalha Comemorativa da Sérvia;



24.07.1916 - Desrequisitado;


29.08.1916 - Um decreto nomeia o capitão de longa distância Talon como Chevalier de la Légion d'Honneur [“Cavaleiro da Legião de Honra”] por sua contribuição para o transporte do Exército Sérvio de Corfu [Grécia] para Tessalônica [Grécia];


22.09.1916 - O Plata deixa Bordeaux [França] para Arkhangelsk [Império Russo] com uma remessa para o governo romeno [Comandante Cabrol];



02.10.1916 - Comandante Cabrol: “Às 4h20, vimos um Sinal Scott, mandando parar, e forçamos o ritmo. Às 04h25, recebemos um tiro de canhão impreciso, mas o inimigo ainda não fora avistado. Às 05h, submarino à vista, fogo cerrado e certeiro. Às 05h20, contra-atacamos com a peça de 90mm. Às 5h40, o Plata ultrapassou o submarino, que desistiu da perseguição. Às 07h20, um novo submarino à vista, que manda parar por sinal flutuante: OL. O submarino então dispara sete tiros, mas mergulha além da precisão de fogo do Plata. Muitos fragmentos a bordo. Foi um U43, do Kapitänleutnant Jürft” [Submarino Unterseeboot, do Tenente-comandante Jürft, da Kaiserliche Marine, a Marinha Imperial Alemã];


18.11.1916 - Retorno de Arkhangelsk [Império Russo];


22.12.1916 - Demandado como transporte não-militarizado;


27.06.1917 - Desrequisitado (Retorna ao serviço regular para a América do Sul);


10.08.1917 - O Comandante Talon apresenta um relatório marítimo em Dakar [Senegal] dos danos causados por causa do mar durante a travessia do Rio de Janeiro [Brasil] para Dakar [Senegal];


04.10.1919 - Parte para a América do Sul, e reabre a linha sul-americana após as desrequisições;


22.12.1919 - Colisão sem danos com um navio fundeado, em Las Palmas [Ilhas Canárias, Espanha];


22.07.1921 - Às 17h45, recebe da TSF a ordem de cancelar a escala em Dakar [Senegal] e seguir para São Vicente [Cabo Verde] ou Las Palmas [Ilhas Canárias, Espanha. Após a medição exata do combustível, o comandante decide navegar para Las Palmas [Ilhas Canárias, Espanha] com cinco caldeiras em vez de seis, uma vez que a escala em São Vicente [Cabo Verde] ofereceria verdadeiras dificuldades para abastecer um navio com o traçado do Plata. No dia 28, às 6h, retira uma caldeira. Em 03.08, constata um consumo de carvão maior do que o presumido, devido à má qualidade do carvão americano embarcado no Rio de Janeiro [Brasil], e retira uma nova caldeira para garantir a chegada. [Comandante Fabre];


15.11.1921 - Parte com a família de Valentino Chies e Maria De Nardi do Porto de Gênova [Itália];


04.12.1921 - Deixa a família de Valentino Chies e Maria De Nardi no porto de Santos [Brasil];


16.12.1921 - Às 10h30, em Buenos Aires [Argentina], zarpa do dique 3 para a bacia norte, e golpeia duas vezes com certa força a cabeceira S.E. da passagem que liga o dique 3 ao 4, sacudindo algumas pedras da sapata do porto e sofrendo vários danos, incluindo um afundamento de chapas metálicas e duas estruturas a estibordo no convés nº 1, e um forte abalo da porta de proa de estibordo do porão de carga, deformando a superfície de apoio desta porta e desgastando-se para o eixo da dobradiça traseira. Os reparos neste porto que afetaram a segurança da embarcação foram realizados imediatamente e anotados pelo vistoriador da Veritas. Os reparos nas partes superiores do convés de proa serão realizados no porto. Partida no dia seguinte [Comandante Fabre];


20.09.1922 - Diante dos problemas relacionados à implementação do decreto do Rio de Janeiro [Brasil] à Marselha [França], muitos navios ficam presos, e o Plata é desviado para Barcelona [Espanha] ao retornar da América do Sul;


29.07.1923 - Chega com os descendentes de Michele Chies e Teresa Di Rè ao Porto de Santos [Brasil];


24.08.1923 - Ao atracar em Dakar [Senegal], o Plata atinge o cais a estibordo, causando rolamento de impulso do eixo de estibordo quebrado. Parte no dia 27, após reparos temporários. De acordo com as indicações dos especialistas, regula a velocidade desta máquina para 70 rotações e determina que esta só deve ser usada para deslocamento para frente [Comandante Argento E.];


31.12.1923 - Tendo partido no dia anterior para Buenos Aires [Argentina]. às 17 horas isola-se mais uma vez a caldeira de boreste, para poder consertar o vazamento da fornalha [Comandante Argento E.];


02.01.1924 - Às 17h00, isola-se novamente a caldeira de popa boreste para reparar um freio na tubulação principal de vapor. Diante da gravidade do vazamento, decide-se prosseguir com o conserto durante a escala em Santos [Brasil] (de 03 a 04/01) [Comandante Argento E.];


14.03.1924 - Zarpa de Buenos Aires [Argentina] após reparos temporários mais extensos do que os realizados em Santos [Brasil] após o abalroamento ocorrido neste porto em 03.03 [Comandante Argento E.];


01.05.1924 - A “DM 286 CN 6” instrui a Direção de Construções Navais e Artilharia Naval de Toulon [França] a estudar a transformação do Plata em Cruzador de Escolta Auxiliar;


03.08.1924 - Às 18h30, zarpa do Rio de Janeiro [Brasil]. Na hora de lançar a âncora, sente-se uma violenta resistência ao molinete [guincho para içar a âncora], deixando-o fora de serviço. Mergulhadores chegam ao local para reparar os danos. No dia 4, quando a âncora é trazida à superfície, nota-se que em torno dela havia várias voltas de uma outra corrente sustentando uma grande âncora que revelamos do fundo. Perante a grande dificuldade da tripulação de se libertar pelos próprios meios, foi solicitada a ajuda de um pontão [navio], que por volta das 13h libertou a âncora, que então foi colocada um pouco ao norte da ancoragem usual do Plata, que sai do Rio de Janeiro [Brasil] às 19h45 [Comandante Argento E.];


22.05.1925 - Comandante Philippi, do navio Provençal 15: “Ao zarpar do Plata do cais Pinède Sud, uma forte rajada de sul-sudeste o deixou à deriva, e a proa do Plata, que estava com lastro [peso com o qual uma embarcação é carregada para garantir a estabilidade.], tocou em um guindaste de terra que estava muito perto da borda e que virou no cais. Em sua queda, foi destruído. Chamo a atenção para o fato de todos os guindastes deste cais estarem colocados da mesma forma e, naturalmente, incidentes semelhantes se podem reproduzir. O navio Provençal 7 veio para ajudar a continuar a manobra”;


30.12.1926 - Às 16h30, parte da bacia nº 3 do porto de Buenos Aires [Argentina]. Por volta das 16h40, o motor de bombordo foi recolocado lentamente para facilitar a partida. Pouco depois, a hélice de bombordo prende-se no cabo de aço pertencente ao vapor norueguês Para, atracado ao nosso lado, à estibordo. O Plata atraca novamente, e chama-se um mergulhador, que tenta, sem sucesso, liberar a hélice. No dia seguinte, por indicação do mergulhador, decide-se desmontar o eixo propulsor para permitir ao mergulhador trabalhar com eficiência no desenrolamento do cabo preso entre o propulsor e a cadeira. Por volta das 12h25, com a hélice sendo liberada, começa-se a colocar o eixo da hélice de volta no lugar. Por volta das 16h00, tudo pronto e o navio zarpa [Comandante Argento E.];


30.07.1927 - Às 16h20, zarpa de Buenos Aires [Argentina]. Durante a estadia, foi melhor constatado um dano ocorrido no dia 09.07 no coletor de vapor do dinamotor principal [Comandante Argento E.];


18.04.1929 - Parte para Argel [Argélia] para uma peregrinação de Argel [Argélia] a Meca [Arábia Saudita];




01.04.1931 - Um anúncio no "Semaphore de Marseille" anuncia a venda à Vesnaza Plovidba D.D [empresa croata] do vapor Plata, que será renomeado como Beograd. No dia 10.09, um novo anúncio corrigiria o anterior, relatando que a venda não havia sido bem-sucedida;


18.08.1931 - O Plata é vendido à Itália;


28.08.1931 - Parte para Gênova [Itália] sob bandeira italiana;


09.11.1931 - Autorização para encerrar o ato de franqueamento.

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